Fel de melancolias

Odeio os passos que nos distanciam

De nossos diferentes caminhos odeio

Como se fosse um quilômetro para cada milímetro

Chego a odiar até o que há de vazio

Qualquer corpo certo ou vadio

Cada volume entre a gente entreposto

Que me impede de ver teu rosto

Odeio também a inabilidade de a ver

Odeio ter que dormir sem te ter no sonho

Enfim nem são sonhos sem você

Sem ti não há qualquer existência

Sem ti nada há de haver

Como nada hei de ver

Tampouco posso algo ser

Não há sentido que seja de verdade

Não tenho em mim qualquer outra vontade

Nenhuma esperança pode me dar tua acolhida

Não me desperta sentir nada na vida

Tu és o seio de meu próprio ser

Não há sentido sem te ter

Sem ti nem há querer

Nem há querida

Tenho nem ferida

Nada sangra pois

Não há mais vida

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 25/05/2020
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