PANDEMIA, Angústia mia
A PANDEMIA, Angústia mia.
Invadiu minha vida vazia,
Despeja-me a cada dia
Um balde de água fria
Desarticulou minha harmonia
Ameaça destruir minha fantasia
De um ser pequeno, alma vazia
Levou embora minha magia,
Guardadas numa gaveta pequena
Esgotadas nessa quarentena,
Chorando por minhas Helenas,
Morenas, obscenas
Em sonhos de bohemia
Brincou com meu senso de apologia
No cruel exercício da empatia.
Fico triste com a heresia da burguesia
De terno, gravataria
No autoritarismo da cavalaria
Ditar ordens à revelia
Sob o manto da hipocrisia
Em cartilhas prontas de idolatria
À maldita heresia
E nos templos da freguesia
O capim-cortesia
Em nome de um produto da alquimia
Do Reino da bruxaria
De um capitão gritaria
Portador da ridícula chefia
De nossa derrotada democracia
Em seus vômitos do dia a dia
Em busca da inútil ingresia.