OVERDOSE DE HUMANOS (PT.1 e 2)

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O Fim da Humanidade

não é de agora. É de caso pensado…

é de caso avisado.

E o fim começou junto com

o aplique do primeiro Botox…

e começou quando a beleza impôs mutilação,

autodestruição, identidade foragida do espírito

escondida em estojos de maquiagem

academias e sexo sem amor.

… além das tantas fotografias de viagens

que substituem… momentos reais.

… além de espelhos e espelhos

e espelhos e espelhos… por toda parte.

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O Fim da Humanidade

não começou um dia desses

ele começou com empregadas e babás

dormindo em quartinhos sem janela

semi-analfabetas estudantes de supletivo

sendo mais íntimas dos filhos dos patrões

do que de seus próprios filhos.

Tudo se deu ao mesmo tempo em que

os ônibus se converteram em câmaras de gás

e quando o primeiro homem pobre,

passou a crer que o pouco que tinha

vinha de Deus, como esmola ou um presente

e não de esquemas diabólicos,

de pessoas de carne e osso,

como ele.