DESCRENÇA
Nada é tão triste quão a tristeza que ora sinto
O meu coração já não aguenta tanta dor
Uma dor que dói deixando-me sem instinto
Tirando-me a crença na existência do amor.
Esvaziei a arca que guardava esse mandamento
Mas repudiei a minha vontade de enterrá-lo
Pus de volta, ele, no mesmo compartimento
Pois, mesmo doendo, não desejo sepultá-lo.
Sepultar meu amor seria mesmo que matar
Uma história que durante anos comunguei
Que acreditei em outras galáxias avançar
E continuar um lindo sonho, que reguei.
Só as leis cósmicas saberão me responder
Por que o destino determinou isso pra mim
Um enigma que não consigo entender
Cruel facada que fez-me ficar muito ruim.
Nas frias noites, ando cabisbaixo, em silencio
Não sinto a chuva, nem o refrescar dos ventos
Quem alivia-me são os respingos do sereno
Que lavam lágrimas e encobrem meus momentos.