DESCRENÇA

Nada é tão triste quão a tristeza que ora sinto

O meu coração já não aguenta tanta dor

Uma dor que dói deixando-me sem instinto

Tirando-me a crença na existência do amor.

Esvaziei a arca que guardava esse mandamento

Mas repudiei a minha vontade de enterrá-lo

Pus de volta, ele, no mesmo compartimento

Pois, mesmo doendo, não desejo sepultá-lo.

Sepultar meu amor seria mesmo que matar

Uma história que durante anos comunguei

Que acreditei em outras galáxias avançar

E continuar um lindo sonho, que reguei.

Só as leis cósmicas saberão me responder

Por que o destino determinou isso pra mim

Um enigma que não consigo entender

Cruel facada que fez-me ficar muito ruim.

Nas frias noites, ando cabisbaixo, em silencio

Não sinto a chuva, nem o refrescar dos ventos

Quem alivia-me são os respingos do sereno

Que lavam lágrimas e encobrem meus momentos.

José Maria
Enviado por José Maria em 16/05/2020
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