sol-pôr

há um sol-pôr em meu coração

tal qual este que agora vejo

a declinar à minha varanda

o resfriar do corpo, das palavras

as ditas e as jamais formadas

por impossibilidade de letras e sílabas

incapaz de compreensão devida

incapaz de fazer-se entender

flutuo entre a incompreensão de tudo

e a sede irreparável de reparar o nada

que constitui a expressão verdadeira?,

pergunto-me, à prima nuance da noite

e toco meu rosto de pedra, os traços

que ocultam as tormentas e furacões

ó, a sina da inexpressão sentida

desconexão e ausências

o virar da noite e do dia

meu coração apaga-se tal o céu

a relançar as estrelas da melancolia

na inexorável noite eterna...

Zéfiro Alves
Enviado por Zéfiro Alves em 11/05/2020
Código do texto: T6944424
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