OUTRO DIA
Vaga sozinho,
Como sempre viveu,
Como sempre escolheu e,
Não se sabe, morreu.
Divaga sobre coisas, pessoas,
De ontem, de hoje
E de um futuro
Que não tem esperança de conhecer.
Vira-latas acompanham sua caminhada
Com o olhar condescendente
De quem reconhece maior sofrimento
Em seu par.
A brisa gélida queima seus pulmões,
A calmaria da madrugada o enerva,
Enquanto o silêncio das ruas
Grita violentamente em suas irises.
Sofre pela magia nunca experimentada,
O suplício da realidade.
O amor que carrega e mira,
Sem alvo claro.
Ébrio de amargura, cambaleia.
Inundado de autopiedade, cai.
Embevecido pelo amor, rasteja.
E finalmente, doente de orgulho, levanta-se!