Passo a passo


Vou pela rua sem luz,
onde o mundo parou,
fim da estrada empoeirada
no ponto que fui esquecido,
onde fostes mais lembrada.
Quando a boca ficou retorcida,
a voz se fez calada.
Vou pela noite dos fracassos,
sem contornos, apoio de braços
boca sua fervente,
esquecida de tanta gente,
profanas noites sem ruídos,
com gritos, clamores, gemidos,
querendo desabrochar em bordados,
ímpetos de nossos pecados,
com as mãos lavadas pelo desprezo.
Sou carrasco das minhas coisas,
dou látego ao próprio erro,
por não ter sido homem
o bastante para conter a lágrima,
quando a vida de despedia,
na realidade crua que se despia
decorando a estrada com suas vestes.
E eu pisei em cada peça,
na festa de tantas ausências
na folia que Deus me deu.