Roupas que guardo

Hoje acordei friamente vestido de pele. A pele sangrava suor e os cabelos caíam sem cor.

Vida repentina bem era a minha.

De preto sempre me vestia e transparente viam-me passar.

Despercebido era eu no meio da almas ceifeiros. Sorriso de cristal.

Ao deserto às vezes ia,talvez fosse para conversar. Mas quem estava lá? Quem estava vivo?

Então, ouvia-se apenas gritos cortados,gemidos de dor que eu guardava.

Amanhã estarei de branco para que possam me ver, finalmente me ouvir. Quem sabe até o relógio pare agora mesmo e não saibamos como estou ou quem sou eu.

Laranja,azul ou roxo. De nada me serve saber a minha cor.

Minha dor é negra e solitária.

Mas,um dia,quem sabe,bem no fundo,alguém veja a luz.

Thay Nascimento
Enviado por Thay Nascimento em 09/05/2020
Código do texto: T6942154
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