MORTE DA AMARGURA
(Milton Pires)
Oh, amargura querida, tu que
me acompanhaste por toda vida,
não sejas assim tão cruel comigo,
não me faças perdoar sem motivo
aquela que tão mal me quis sem
jamais me conhecer sequer como tu
soubeste fazer (não sou o Crucificado
que por nós morreu para declarar
teu fim)
De ti, amargura, tenho felizes
recordações, pensamentos
fugazes, vozes que à noite
me falam insistindo em me
lembrar de ti...Tu que foste
tão minha amiga, que me
sabias tão bem, agora queres
me deixar porque a todos eu
perdoei?
Eu não te perdoo, amargura
voraz, insisto em te manter
viva num rancor sem voz,
até o dia da minha morte
atroz, quando então, se Deus
me perdoar, tu mesma chegarás
ao fim..
Ego te Absolvo!
Porto Alegre, 7 de maio de 2020