SERPENTIFORME
Serpentiformes curvas belas
De olhos incandescentes
E língua em chamas que chama
O silêncio silenciando o sim que me sega.
Porque tu, serpente, me seduzis?
Teus olhos em chamas bicolores
Sinalizam-me os passos,
Sinalizam silenciando-me os silêncios
Do cintilante sim que ceceais.
Ouço teu sim como simples símbolos,
Do corpo belo, da pele lisa
Que reflete luzes e me revela
O sim das verdades ambíguas.
A pele que te cobria, troca-se,
E hoje o que era ontem não é mais.
Faz-se silêncio,
Silencias o meu silêncio
Com o beijo de língua dupla;
Deflagras teu veneno: sedução,
Cheiro de desejo, amores e ambigüidades.
Deflagrou-se veneno de tua boca à minha,
A mais pura e doce sedução:
Inesquecível gosto uniforme,
Veneno que alivia minha dor.
Meus olhos inatos, insanos, ingênuos olhos meus,
Que não viram em tua boca,
O soro antiofídico do veneno que pressagia a Morte paulatina e uniforme que teu beijo tem.
Sua natureza é livre,
Segue e sinaliza rastros em teus caminhos.
Lance o silêncio silenciando o sim que sega;
Tua maquiagem é antítese do sim que adverte o veneno que logo vem.
Quem me dera conhecer-te bem, minha serpente,
Pois estou seduzido por tua pele, por teus olhos, Não resisto!
Acaricio teu corpo serpentiforme,
Tomo-te em minhas mãos, toco teus lábios,
Seduzis-me e logo fazes o que a ti é inerente;
E quanto mais deflagras veneno, mais me vicio.
Mate-me, pois só morro por teus lábios,
Cegue-me, pois só vejo com teus olhos,
Engane-me, pois que me deixo enganar
Pelas verdades cintilantes do sim que ceceais.
Pelo teu veneno, sego-me,
Morro-me, faço-me inato:
Sou lagalhé esperando que venhas me dar,
Em outro beijo, teu antídoto,
Serpenteando-me com o sim de tua boca,
E libertando-me pelo alívio que em teus olhos há.
C.J.Maciel
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