Lúgubre


O que ontem foi luz,
já não brilha mais no peito.
As palavras saem,
escapam meio, meio sem jeito,
retorcidas, grotescas.
O rútilo das juras
perfilam apenas em papéis
jogados ao canto de cada mesa.
Meu olhar amante,
distante,
corre pelos cantos,
infrutíferos lugares onde plantei,
semeei sua imagem
que brevemente...
Feneceu.
Minha boca dita,
ontem tão amada
sua, exaspera
pela espera
da umidade de tantas;
quisera fosse a sua,
rubra, nua,
descansar naquele beijo
que incendiou Roma
enquanto a película
se fazia na tela.
Nossas mãos se foram
pelo tempo que está indo,
pelo tanto posto fora,
pelo nada concebido.
O que ontem brilhou,
apagou...
Apagou para sempre.