Café morno
Convivo com a silenciosa melancólia
Que me aflige e me escraviza. Não há choro
Desespero ou manifestação de loucura.
Prossigo com a face serena, talvez mórbida,
condenada a cópula da alma e a dor pura.
Inerte, sacrifico-me para que os olhos que
Um dia se desabrocharam ao primeiro
sinal de esperança nesse mundo
não retorne aos primórdios de sua negligência,
Além de todas as pequenas coisas que
demandam Intensidade superior a múltiplos eus.
Ouço ranger a tristeza tácita que
Rasga as entranhas
Comprime e sufoca.
Bebo café, lavo o rosto
E recomeço.
Dez vezes por dia.