Cruel lentidão
Oh, tempo , como és cruel com esse teu passo lento
Pois segues indiferente a todo o meu sofrimento.
Por que não corres com a hora,
Por que te deténs no agora,
Prendendo-me a este momento?
Por que não ouves, ó tempo, as preces de um ser que chora,
Ou tira-me então, pra fora, o horror deste meu tormento?
Não sejas assim tão frio,
Preenche este meu vazio, te imploro, com o esquecimento...
Compraze-te com meu pranto,
Por mais que eu te peça tanto?
Por que não me dás guarida em todo este meu lamento,
E tão amargas lembranças me tiras do pensamento?
Oh tempo, toda a tortura que me impões com teu compasso
Põe-me à beira da loucura, me sufoca à cada passo!
Eu te imploro que me leves mais depressa o torvelinho
Em que ora permanece transformado o meu caminho.
E então, piedoso tempo, traze de volta à minh’alma
Toda a paz desse depois, todo esse porvir que acalma
Que só tu podes trazer, que só tu – com as tuas manhas –
Consegues reinventar no mais fundo das entranhas.
Obras publicadas: www.lojasingular.com.br