Mundo amigo
 
Se eu pudesse transpor as barreiras do inconformismo, penetrar no mundo dos outros, onde tudo é diferente, sem abismos.
Se eu pudesse fazer da existência uma fachada colorida com luzes, em tons marcantes, firmes e fortes, como meu próprio desejo.
Se eu pudesse, ao menos, me consolar, me prender neste mundo isolado.
Se eu pudesse conceber tudo além de um sonho, além daqueles que fustigam minha vida; meu modo errôneo de amanhecer e transpor as horas, mergulhando no ocaso.
Se eu pudesse me trancar, esconder, fugir de tudo que me leva as coisas que não tenho, que não possuo e pouco menos as vejo.
Ah, se eu pudesse, tudo seria transitório, eu voltaria ao berço, ao cativo lugar, que hoje me recebe, me compreende, acalentando, minhas mágoas, encobrindo tristezas e derrotas retendo-me para que e não veja, não saiba que tudo não passa de ficção... Do outro lado destas portas.