POEMA INACABADO

(À minha inesquecível esposa)

Não me deixes como herma solitária

numa praça abandonado, onde as aves

chilreando aos pares, trocam juras

de amorosa simpatia...

Leva-me contigo, pela mão para a ravina

onde eu possa, livremente respirar...

Aquecer-me ao sol do teu amor,

e em teu seio são e morno,

qual criança pequenina

finalmente descansar...

Clamo...! E o eco não repete mais

o teu nome na distância...

Espreito...! só o silêncio do túmulo responde...

– Onde estás, meu amor, que não escuto

a cavatina do teu riso alegre e ingênuo

à minh’alma encantar...?

Não vejo mais a luz do teu olhar...

nem a alegria brejeira dos teus olhos

à minha vida iluminar...

Em algum lugar do universo estarás...!

Mas eu não sei onde estás...

e nem mesmo o que és...

Sou uma alma perdida na corrente da vida...

e busco adivinhar-te ansiosamente em cada gesto...

ou na aparência dos seres que vejo neste mundo!

e não consigo encontrar-te!

nem deixar de te amar...

Sei apenas que o meu coração

está cheio de ternura por ti

e na minha paisagem interior

não há mais luar nem estrelas a brilhar...

É noite agora...

Será noite sempre!

Não há mais aurora...

Nem fulgor do Sol!

Nunca mais...

Não me deixes como herma solitária

numa praça abandonado, onde as aves

chilreando aos pares, trocam juras

de amorosa simpatia...

(Porto Alegre-RS, 25/10/1981)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 17/04/2020
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