POEMA DA RUA VELHA
(Ao caro amigo e laureado poeta
Zeferino Paula de Freitas Fagundes)
Rua velha! Rua velha!
Rua velha abandonada
toda suja em sem calçada...
Rua velha! rua triste...
sem esgoto e sem mais nada...
Gente feia emagrecida...
suja, triste, esfaimada...
nessa rua torturada,
nessa rua esquecida...
tanta gente sem piedade!
Ergo os olhos para o céu
azul distante...
Quero fugir dessa rua
indiferente
onde a gente
é joguete da ambição
e inocente
é levada de roldão
pelas forças cruéis
da esperteza...
Rua velha
Rua velha deste mundo
tão imundo...
rolando no infinito
de onde Deus
por tanto enfado
se afastou
e adormeceu...
Alço asas à voar
em noite clara...
– Desolado vagabundo
no sidéreo!
Quero andar
descalço
pelas nuvens...
– Sonâmbulo peregrino
das estrelas!
Sem vontade de voltar
para as ruas
da pobreza...
Óh! Tristeza...
– Que fazer a minorar
tão duro fado...?
(Porto Alegre-RS, 25 de setembro de 1987)