como uma âncora abandonada no fundo do oceano
seus filhos me recitam épicas
anteriores,
e me dizem, depois, que tudo está
bem.
mas uma água viva também não
consegue
ser tão rasa assim, e na água doce
ainda é possível
ver os olhos das ameaças
por mais distante que o fundo
esteja.
vejo a dormência em palavras
inquietas, desesperadas
há trinta dias sem sair da garganta.
elas são engolidas
junto com água, feito um remédio
tomado diariamente,
mas agem como um veneno de
longo prazo.
há um perfume neste mundo
que o cheiro se perdeu vindo a
mim.
e não consegui mais encontrá-lo
quando terminada a última sílaba
de uma despedida jamais sonhada.
tentei correr em sua direção,
mesmo com muros erguidos
para proteger tal jardim.
hoje me deito, tendo
somente memórias não realizadas
para enfim me distrair
até o sono chegar e me acompanhar
às praias mais belas que já
nadei.