"Amigo é coisa para se guardar..."
Breve é nosso tempo, breves somos nós
Partiu para os mares do horizonte em 06/04/2020
 
Homenagem ao poeta português Rogério do Carmo, com respectivo poema declamado, que agora disponibilizo na voz do próprio autor, agradecendo aos meus leitores, e oferecendo a vocês esta magnífica interpretação.

http://www.rogeriodocarmopoesia.blogspot.com/


 
 
Lágrimas

Âncora
Dia a dia
Ergo os meus braços ao alto
Cada vez mais alto
A dissimular os meus gestos tardios
As mãos inertes tombadas
E os dedos vazios
E atiro o meu riso fictício
A desviar as lágrimas inúteis
Da minha dor autêntica
Há muito já fechada e lacrada
Secasse-me a fonte divina
Das lágrimas sentidas
Já não tenho mais lágrimas
A ocultar de ninguém!
Tive lágrimas
Na meia-noite
em que ninguém desceu pela chaminé
Onde fui colher um sapato vazio !
Tive lágrimas
No dia em que descobri
Que o coração das pessoas não é mais
Do que um órgãovital!
Tive lágrimas
No dia em que te amei
Mais lágrimas quando te possuí
E muitas mais
Quando perdido te deixei!
Em teus braços
inconsciente
Dormi, dormi e sonhei
E quando verdadeiramente me acordaste
Chorei, chorei, chorei…
Tive lágrimas
No dia em que escrevi o meu primeiro poema
E agora
Os meus poemas
São as únicas lágrimas que ainda me restam…

Rogério do Carmo - Mafra, 2 de Outubro, 1950
Rogério Do Carmo
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 10/04/2020
Reeditado em 10/04/2020
Código do texto: T6912303
Classificação de conteúdo: seguro
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