REJEIÇÃO

Produzi-me, com o melhor vestido,

A gargantilha na cor que você gosta,

O batom com tua fragrância,

Ainda encolhi o generoso decote...!

Esperei por você no mesmo bar,

Me sentei em nossa mesa preferida,

Sorri para o solícito garçom

E degustei o mesmo vinho.

Como forma de punição,

O relógio chutava os ponteiros.

A longa espera era atordoante.

Meu coração sugestionou rejeição.

Como posso viver com tuas faltas,

A imprecisão faceira de teus atos

Em comunhão com a infidelidade

Que me priva de respirar, viver?

Desolada, saí a ziguezaguear sem rumo.

Maquiagem a respingar, lábios arroxeados.

O vinho ainda impregnava o vestido.

Que mais preciso fazer para sorrir?

Na rua deserta, o temporal espreitando,

A chuva em ira me ejetava saliva.

O impudor da ingratidão me deixava nua.

Que mais preciso fazer para ser tua?

Ainda tentei me controlar,

Abandonada, a resignação, gerou ódio.

Tonta, não assimilava nada.

Entrei num bar, amanheci na calcada.

O vestido rasgado em contraste

com o batom que tingia o rosto assustado,

Me acresceu de tristeza imoderada,

incrédula, senti-me derrotada.

********RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS************

"Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo"

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 09/11/2005
Reeditado em 09/05/2023
Código do texto: T69119
Classificação de conteúdo: seguro