DESABAFO
Para o mim mesmo
Iracundo, irascível, insensível
Pra quem serve este poema?
Crianças suicidas, homem de bomba na mão
Refazem o deserto
O deserto da solidão
E a guerra?
A guerra é de filhos contra pais
Irmãos contra irmãos
Rastro sujo de insana inglória
Iracundo, irascível, imbecil
Não vê que a vida é um fio
Orgulhoso, vaidoso e covarde
Peça por piedade
Egoísta, egocêntrico, talentoso
Não vê que são inúteis seus esforços?
Pra quem é esse poema?
Pra quem esse poema é?
Tenho pena de você
Tenho pena do que pode ser
Não pense que o temo
Não temo idiotas
Patriotas, imbecis
Há um instante e já não estamos mais aqui
A vida é um fenômeno
Não um velocímetro
Mas é impossível
É impossível não amar você
Lá, Lá,
Lá Lá,
Lá, Lá,
Lá...
Este mundo é muito torto
Vamos ter que mexer no eixo
“Errar não humano depende de quem erra”
A fera de hoje
Estará no museu de cera amanhã
Não tenho medo do amanhã
Não tenho medo do regresso
Dia de juízo
O dia do acerto
Pois sei que tenho crédito
E não poderia ser diferente
Sou um Dom Quixote e para quê esse poema?
Leonardo Daniel