Jazigo sem nome


Ela chegou um dia
Ninguém sabe de onde
Jamais disse quem era
Tampouco o que ela fazia

Ali na comunidade
Entre nós passou a viver
O tempo foi passando
Com ele a curiosidade

Vê-la passar pelas ruas
O povo foi se acostumando
Mas ela continuava calada
Sorrindo de vez em quando

Um dia sentiu-se doente
A vida lhe abandonou
Ali no campo santo
Um jazigo ela ganhou

Seu nome ninguém sabia
Por ser uma desconhecida
Nosso padre apenas escreveu
Descanse em paz, filha querida.

Alguns anos se passaram
Um homem na cidade chegou
Trazendo na mão um jornal
No jornal uma fotografia
E a historia de uma moça
Quem leu, eu sei que chorou.
Quando acabamos de ler
Ele disse, esta moça e minha filha!

Se alguém a viu por aqui
Por favor, me diga onde está.
Eu preciso muito saber
Para lhe pedir perdão
Um dia fui ingrato com ela
Fiz algo, que não devia fazer.
Destruí seu casamento
Parti ao meio seu coração

O padre que ouvia calado
Aquela triste historia
Aproximou-se em silencio
Dizendo pra aquele homem
Acompanhe-me, por favor,
Venha que eu vou lhe mostrar
No campo santo o padre disse
Ela esta aqui, neste jazigo sem nome.

Ajoelhou-se, rezou e disse ao padre.
O que fiz, não sei se ela vai perdoar.
Eu sou culpado por ela estar aqui
Não da mais pra ficar calado
O crime que cometi foi horrível
Pra não dividir uma herança eu destruí
Três vidas, a minha a dela e a do homem.
Com quem ela havia casado.

Ali ajoelhado ainda chorando.
Dobrou o corpo sobre a terra fria
Cansado disse, Padre reze por mim.
Que estou indo encontrar minha filha
Não sei se ela vai me perdoar
Mas isso já não importa, cheguei ao fim.
Levando comigo meus pecados e a dor
Por destruir minha própria família!

Estas foram suas ultimas palavras
Beijou pela ultima vez aquela fotografia
Foi assim que ele se despediu da vida
Ao pe da cruz onde sua filha jazia!


Balneário dos Prazeres: 11 / 10 / 2007