Pobre alma, nem nasceu e já morreu.
As noites em claro,
a aurora que se foi.
Não se sobrou nada
Deus, nem uma migalha de esperança.
A desgraça da existência
Dos carros que vem e vão
As pessoas que cruzam nossos caminhos
Mórbidos, perigosos, terríveis
Ninguém.
A ausência de mim mesmo
Os gritos sufocados
O sangue que escorre
Tão lindo é amargo
Quanto à ironia de se viver
Em um mundo hostil é imundo
A miserável alma que suplica por um gole de vida,
a se ela soubesse que tudo isso
nada mais é que um imenso buraco negro
de uma enorme dor é agonia.
Pobre alma, nem nasceu é já morreu.