Claustrofobia
Dias sem sentido,
noites sem sono,
tardes de chuvas cinza,
loopings distópicos,
em cidades fantasmas,
concretos sem cor,
farsas disfarçadas,
em novelas sem público,
não consigo encarar a luz,
ela me responde questões difíceis,
tudo está tão perdido dentro,
um caleidoscópio de sensações,
tudo me leva à essa estrada,
uma rodovia sem fim,
de derrapagens assustadoras,
numa longa jornada
de um Cowboy urbano,
não consigo fitar o horizonte,
o sol queima meus brios,
tudo está tão embaralhado dentro,
há muito barulho e pouco entendimento,
tudo me leva à esse labirinto,
muitos corredores sem portas,
uma claustrofobia infinita,
fechando um cerco sem fugas,
na angústia de um solo emudecido,
num destino surdo de alma e coração,
cegando a paisagem da janela,
sou pedaços de vidas destoantes,
peças inconformes de um puzzle
de uma paisagem de outros mundos,
dimensões não materializadas,
universos paralelos impermeáveis,
enredos jamais escritos em papel,
jornais voando ao vento,
a imaterialidade da essência
buscando um perdão sem igrejas
uma penitência sem terços
deixando as lágrimas rolarem
no abismo de mim mesmo,
sendo tudo o que tenho
vivendo tudo o que eu posso
sem crenças ou superstições
no ceticismo racionalista de emoções quebradas,
quando a última nota encerrar essa desafinada sinfonia...