SONIDO NOTURNO ( um poema em tempos de pandemia)
Oh cantata noturna,
Tu vieste em hora importuna.
Trouxeste brado das longínquas terras.
Um cântico estarrecível,
Um sonido emudecído...
lírico que tua voz enterras.
Estávamos a enamorar melodias,
Mesmo com claves tardias.
Mas nossos tímpanos eclodiram no salutar.
Ficamos assobiando,
Insípidos...
E sem ar!!!
Colocaste um freio em nossas bocas,
E assim, não pudemos cantar.
Arrebataste com falsete
Nossos sonhos no porvir,
Nossos sorrisos em "quest",
O anseio de ir e vir.
Agora temo que não mais possamos ouvir...
Um concerto angelical,
Ou mesmo samba eclodir.
Apenas som de abutres...
Marcha fúnebre a seguir.
Mas olha...Que ouço???
Uma orquestra cintilante na aurora...
Gaivotas radiando noutrora...
Desprendendo-se de sonidos ...
que de tantas vozes,
Mal percebe um sussuro:
Teu urro, tornar-se-á veludo.