Calendario
Algo diferente, fruto de uma mistura de sentimentos , espero que gostem.
"Calendário"
Os dias riscam se no calendário, e vamos no 4o, um calendário cada vez mais difícil de olhar, numa rotina que se vai juntando ao mar de dúvidas que vão pairando na mente, essas dúvidas que continuam a dar noites mal dormidas, essas dúvidas que continuam a fazer nos ter medo, essas dúvidas que nos mantém vivos, essas dúvidas que são a razão para as nossas decisões, essas dúvidas que são a razão para não termos tentado, por nós e pelos outros que inocentes em tudo isto teriam tido consequências se estas dúvidas fossem verdade.
O mundo gira e continuamos num escuro, a caminhar para um incerto, num passo constante enquanto a nossa volta as balas vão passando, tão dormentes quanto necessário na esperança que no fim do túnel nenhuma bala nos tenha atingido, na esperança que no fim tudo tenha sido um susto e que possamos voltar a abraçar os nossos.
O peito aperta, as lágrimas correm pela cara, não há milagres quando o cenário é desolador, não há milagres quando o melhor dos cenários é a sobrevivência, não há milagres quando aqueles que te deviam proteger são os que te querem imunizar, mesmo quando a ciência já lhes disse que não resulta.
O engolir passa a ser em seco, semanas a fio, horas e dias, não há água nem liquidos que alimentem este pânico que escondemos camuflando tudo, o pânico de não puder rever aqueles a quem queremos dar um último abraço, o medo do desconhecido, do futuro.
Com a voz segura mas a mente tremula dizemos aos nossos que tudo está bem, porque assim é preciso, dar lhes a força para que não parem de andar, ceder ao medo é a última opção por mais tremula que a mente esteja, por mais vontade que haja de simplesmente desligar do mundo , não dá para ceder nestes tempos, todos nós temos de ser os soldados e os generais de uma guerra sem frentes , todos nós temos de ser os alicerces de uma batalha pela vida onde somos porta estandartes, onde somos aquilo que resta das bases.