OLHAR DE CONDENAÇÃO.
Quem poderia imaginar?
Quem um dia sonharia tal?
Mares nunca antes navegados,
Distâncias nunca antes percorridas,
Perigos sem outros iguais,
Certamente que eu seria dominado,
Já era certa minha escravidão,
Tão pesado jugo que trago,
Preso por grossas correntes,
Cadeados entrelaçam meu peito.
O amor é esse pirata infernal,
Um guerreiro letal,
Quem poderia imaginar?
Quem um dia sonharia tal?
Não há poder que se assemelhe,
Esse amor surgiu em hora inesperada,
Do olhar que não imaginei,
De lábios que nunca pensei,
Esse amor mostrou-me a loucura,
Mostrou-me quão insano é amar.
O meu coração é mesmo tolo,
Não sabendo que seria facilmente alvejado,
Essa dolorosa flecha de incurável veneno,
Cravada na caixa do peito,
Quem poderia imaginar?
Quem um dia sonharia tal?
Sou como fantoche,
Uma criança inocente a brincar,
O seu domínio foi total,
Agigantou-se perante meu cego olhar.
Me fiz poeta para compreendê-lo,
Por fim, tornei-me incompreendido,
Servindo-o nas letras de cada poema,
Na impossível tarefa de descrevê-lo,
A cada verso na folha de papel,
Mais profundo ele me crava sua espada,
Quem poderia imaginar?
Quem um dia sonharia tal?
Verdes olhos que me enlouquece,
Verdes olhos que não me vêem.
É impossível de explicar,
O luar não me trás conforto,
Nem as estrelas o seu consolo,
O meu cobertor de solidão é o véu da noite,
Me embriago da sua doce lembrança,
De seu perfume inebriante,
Coisa inexplicável é essa,
Verdes olhos de minha condenação,
Quem poderia imaginar?
Quem um dia sonharia tal?