Cataplasma
Olhar perdido no horizonte
Admiro este dia bonito
De energias uma fonte
Não fosse a dor me lembrar do finito
E a memória ardida do que não fiz
Habeas corpus para pensamentos extravagantes
Não foi porque eu não quis
Desconhecia esta urgência antes
Mas para testar do "não fazer nada" o limite
Este "ite" que inverte ditados e inflama meu ser
Quer juntar uma falta de apetite
Com a desonrosa vontade de morrer
Sei que em versos estou protegido
E posso provocar os meus fantasmas
No epicentro da dor um alarido
Nela repouso poesias como cataplasma
Que tornam minhas feridas pequenas
Quase esqueço que existe algo lá
Pois sei que a dor é terrena
E na poesia eu posso voar.