NO CENTRO DO ERMO DA DOR
A terra de tão árida só gerava dor; que crescia como arbustos, aguados por um conta gotas de decepção.
Em cada folha, aguadas pelas mesmas mãos que afagam, nasciam cento e um espinhos que traspassavam um coração.
O adubo, era os seus amplexos. E os sorrisos, o sol e a chuva que lhes davam crescimento.
A sequidão de quem rega, insensibilidade revela. E a indecisão de quem abraça, com o tempo nos afasta.
Mas flores nascem em meio aos espinhos; pois a aridez da alma também gera lágrimas.
E essas irrigarão o rebento, que não estará sozinho, pois no centro do ermo da dor, surgirá um belo jardim sortido.