OS ÚLTIMOS SEVERINOS

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Sua vida não será, nunca será

jamais será, assim: Severina.

Mais fácil ser espécie de “Eu, Robô”

no meio dum apocalipse

… de uma tortura divina.

Uma chuva ácida, terremoto

afogamento numa piscina,

degustação, de Coca-Cola,

e pra quem gosta… cocaína.

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Não importa mais

que burros, lagartos

bodes e jegues, tenho sido

de verdade, ou não

Se Ariano Suassuna será

ainda o verdadeiro Mito

Luiz Gonzaga o verdadeiro

herói da pátria que nos pariu

Rei do Baião, e que

Diabo [e o político]

continue sendo o vilão

O Sertanejo é uma

espécie de duende

escondido dentro de

uma natureza esquecida

… perdida nos sonhos

dos idosos que já foram

meninos de rua

e jovens repentistas.

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Prendam os violeiros

peguem as suas violas

e queimem, ao som

dos Beats-Eletrônicos

E do Hino do Brasil

Gritos de falsas guerrilhas

barulhos de panelaços

maquiagens em passeatas

queimem o nordeste inteiro

Queimem o nordestino ao som

das suas batidas de Funk e Pop

e seus rebolados, seus baticuns

mal tocados, que me remetem

ao Samba de roda

de um disco de Edith

do avesso ou arranhado.

Seja Severino, dentro das telas

de streaming, rádios, novelas

de computadores e quartos

de escritórios fechados.

Seja uma Pílula Severina.

Antidepressivo Severino.

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Olhe seus dados e arquivos

perdidos e e-mails, e nuvens

[ainda que poluídas…]

Dê uma boa olhada em você

uma criança descendo

a ladeira numa caixa

de papelão em cima de

um skate, uma criança limpando

a areia acumulada nos pés

num sábado de sol,

numa praia lotada

namorando platonicamente

sorvetes e cachorros-quentes

Sorrindo, sentindo o calor

e respirando o ar puro

vindo de um vento, isento

de sujeira e tristeza

Veja você…

Não precisa ser assim:

… “Severino”

Se você pôde ler estes versos

E ainda se levantar da cadeira

e sorrir, você pode fazer e ser

o que bem quiser...