OS ÚLTIMOS SEVERINOS
---------------------------------
Sua vida não será, nunca será
jamais será, assim: Severina.
Mais fácil ser espécie de “Eu, Robô”
no meio dum apocalipse
… de uma tortura divina.
Uma chuva ácida, terremoto
afogamento numa piscina,
degustação, de Coca-Cola,
e pra quem gosta… cocaína.
******
Não importa mais
que burros, lagartos
bodes e jegues, tenho sido
de verdade, ou não
Se Ariano Suassuna será
ainda o verdadeiro Mito
Luiz Gonzaga o verdadeiro
herói da pátria que nos pariu
Rei do Baião, e que
Diabo [e o político]
continue sendo o vilão
O Sertanejo é uma
espécie de duende
escondido dentro de
uma natureza esquecida
… perdida nos sonhos
dos idosos que já foram
meninos de rua
e jovens repentistas.
******
Prendam os violeiros
peguem as suas violas
e queimem, ao som
dos Beats-Eletrônicos
E do Hino do Brasil
Gritos de falsas guerrilhas
barulhos de panelaços
maquiagens em passeatas
queimem o nordeste inteiro
Queimem o nordestino ao som
das suas batidas de Funk e Pop
e seus rebolados, seus baticuns
mal tocados, que me remetem
ao Samba de roda
de um disco de Edith
do avesso ou arranhado.
Seja Severino, dentro das telas
de streaming, rádios, novelas
de computadores e quartos
de escritórios fechados.
Seja uma Pílula Severina.
Antidepressivo Severino.
******
Olhe seus dados e arquivos
perdidos e e-mails, e nuvens
[ainda que poluídas…]
Dê uma boa olhada em você
uma criança descendo
a ladeira numa caixa
de papelão em cima de
um skate, uma criança limpando
a areia acumulada nos pés
num sábado de sol,
numa praia lotada
namorando platonicamente
sorvetes e cachorros-quentes
Sorrindo, sentindo o calor
e respirando o ar puro
vindo de um vento, isento
de sujeira e tristeza
Veja você…
Não precisa ser assim:
… “Severino”
Se você pôde ler estes versos
E ainda se levantar da cadeira
e sorrir, você pode fazer e ser
o que bem quiser...