TORMENTO
Este tormento que tomou conta de mim,
Não me deixa, é um dilúvio de lágrimas,
Que derramo por não te ter comigo aqui,
Sensação de me afogar num mar revolto.
Nunca tive sensação igual, esta é única,
É amarga, sabe a sal, não me abandona,
Dizes-te de mim amiga e senhora dona,
Ao exagero de te disfarçares com túnica.
Nem te implorando me queres beijar,
Teus lábios são frios e muito pálidos,
Deixaram de ser doces e rosados,
Passaram a ser assim crucificados.
Desgosto o meu não te convencer
A amares-me a sério, seres abrigo
Onde eu me refugiasse do granizo
Que cai agreste sem o poder conter.
Amar é cruel, tão amargo como fel,
Não nos poupa, é assim vingativo,
Sem nunca saber porque motivo
Desempenha tão grotesco papel.
Ruy Serrano - 08.02.2020