Dilacerada!
Thachy Luna
Ela já não se sentia como mulher,
Já não se sentia bela ou atraente, na verdade essa ideia nem vinha mais à sua mente.
Passou a vida sonhando
Idealizando um lar que jamais viria a ter,
Seu marido não sabia ser companheiro
Se sentia como objeto, uma coisa!
Seu corpo foi violentado de diversas maneiras
Ela já não deseja ser mulher
Não quer mais esta sina
Só queria um pouco de romance e gentileza,
Não conseguiu!
Seu corpo está irreconhecível
Seu semblante já não é o mesmo
Sempre que pode ela arranja forças para se pôr de pé,
Mas só o faz por seus filhos
Eles são a razão dela ainda existir
Dela ainda estar aqui neste mundo, respirando...
Ela põe seu melhor sorriso e faz tudo que se espera de uma mãe.
Ela se olha no espelho e se pergunta todos os dias em qual momento deixou de ser!
De ser auto-suficiente, independente...
Que momento ela perdeu sua voz?
Tantos lhe trataram com rudeza
Tantos lhe tocaram com grosseria
A médica que fez seu parto, e tentou arrancar sua placenta que havia colado e despedaçava em suas mãos a cada tentativa;
Seu marido que não esperou o fim do resguardo para ter relações sexuais;
A família de seu esposo que a atormentavam pelo baixo peso da criança;
Seu pai que deu um presente do lixo para neta;
Tantas coisas aconteceram...
Palavras ditas...
Toques rudes e agressivos...
Se ela superou?
Não sei, tudo que sei é que quando a vejo sinto sua alma dilacerada.