DOMADOR DE LEÕES
Você desperta a paixão, enquanto eu domo os leões em mim,
Porque os dias são maus, porque as naus devem partir enfim,
É o que dizem os astros, mastros a postos, rumo aos confins,
Território de ninguém, esta terra de águas, dos claros marfins
Saqueados à luz do dia, não corroborando à divina harmonia.
Apresento o santuário dos medos, dedos entrelaçados a orar,
Súplica que atravessa o ar e que o céu pode alcançar e ecoar
No ouvido da Divina Providência, como um salmo ou antifonia,
Como o canto, misto de lamento e encantamento, pode gritar
Até que o semblante inabalável repouse sutilmente neste olhar.
Indelével sentimento quer torturar quem aceite, se deixe levar
Por esta nuvem que precede o atoleiro, o timoneiro a titubear,
Sina onde administro o caos, degraus que me obriguei a subir,
Mas, pude avistar um diamante gigante, bem ao lado, um rubi,
Coração enorme que não dorme sem antes, cada dor subtrair,
A paz, o último estandarte do mártir, com seu sangue a esvair.