Seco Sertão
Tamanha contradição,
Onde há mais fé e esperança,
A morte é que passa o facão.
Mata o rio,
Que antes caudaloso,
Em riacho transformou.
E hoje, dele,
Até a lama do fundo rachou.
Mata a terra,
Pastagem se via por todo lado,
Hoje mãe seca,
Morre a terra,
A plantação e o gado.
Sem sinal de céu anuviado,
Chuva seca por todo lado.
Água não cai do céu,
Mais rola dos olhos,
Do povo que sofre angustiado.
Minha ignorância não me permite entender,
Porque excesso de um lado,
Enquanto do outro,
Umidade só no corpo,
Do suor do sertanejo castigado.
Fé inabalável,
Esperança renovada,
Essas, pela morte, não serão levadas.
Quanto maior a dificuldade,
Maior a luta e espera pela chuva.
Ninguém te olhas,
Seco sertão.
Vive na lembrança dos que foram embora,
Buscar águas por caminhos à fora,
Daqueles que sonham em um dia voltar,
Quando a chuva do céu não mais faltar,
Ver a terra, que hoje rachada, toda regenerada,
O verde colorir o horizonte,
Animais pastando ao longe,
Rios de água viva,
E a seca só nos olhos,
De quem apenas soube chorar.