Quinze.

Falta quinze

Para as sete da manhã

Tá tudo bem

Tá tudo cinza

Fica assim

Por mim, não falta nada

Espero

Embora a cabeça cansada

Ainda possa pensar

Agora eu não quero mais

Eu quero a paz que vem

No ar

Que não me vem

Peço aos olhos que guardem

A medida desse espaço

Existente e escondido

Entre o início dessa vida

Até que ela chegasse

A esse fim de tarde

Enquanto a vida me esquece

E eu sei que o Sol se curva lá no alto

e desce lá no céu

Oculto sob as nuvens sem chuva

Doutra tarde cinza

Cujo novo invento

É alguma espécie

de brisa que anuncia o vento

Peço aos meus ouvidos

Que guardem esse ruído

A sussurrar

Por entre os dentes dessa noite

Quente e fria, sem fazer alarde

É tarde, é prece, é cinza

Falta quinze para as sete

Mas na vida é madrugada, ainda

Madrigal, tão linda

Não falta nada

É o fim da vida

Esquece...não faz mal!

Edson Ricardo Paiva.