Baile dos Enforcados

Todos me parecem

Tão profundamente angustiados,

D'um modo tão claro e aviltante

Que consigo ver em seus semblantes

Tristes e fadados

A tristeza do outrem.

Por trás desses sorrisos de vidro,

Quanta lágrima, quanta melancolia!

Que eu morbidamente alvidro:

Será que foram felizes um dia?

A impressão que isso me dá

É que ninguém vai estar aqui por muito tempo

E o mais puro deslize,

ou a lágrima que não cessar

Pode levar ao enforcamento!

Ah! Estão todos engravatados

E eu pareço ser só mais um

Jovem triste e deprimido

Nesse baile de enforcados!

Ah! E nesse bailar de melancolia

Onde parece ser a dança, infinita

Danço! Danço eu!

Danço! Ao lado teu!

Com a corda na garganta!

Raul Brasil
Enviado por Raul Brasil em 01/01/2020
Reeditado em 01/01/2020
Código do texto: T6832097
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