CAVALEIRO DAS NUVENS

Quando vivi as agonias

De um mal que quase me mata,

Teu sorriso menino me dizia,

Levante âncora, mova a fragata!

Como em O Velho e o Mar

Tentei pescar um peixe,

mas teu cérebro em feixes

Tirava-te do lugar.

Teu sorriso pode mais do que o meu,

Enquanto sorrio como homem, tu, como anjo -

Mas cedeste aos apelos fariseus

E esses dispõem de arranjos ...

A maconha levou-te a Adão,

Nu correste pelas vias do campo dos Alemães,

Fizeste sorrir mulheres, fizeste ladrar os cães,

mas forrava-te em tristeza a canção...

Amealhaste ternura,

Drogaste a candura

E, ainda assim, filho,

Urge dizer-te o brilho

Suave de tua vinda

Agora quando partes...

Luas virão sempre lindas,

Acho que para dar-te

Nuvens e montaria infinda...

Ao meu querido amigo Alan, morto nesse Natal, aos 20 anos, que descanse em paz, meu coração é que deveria ter parado, nada mais injusto do que um jovem que morre.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 26/12/2019
Reeditado em 02/01/2020
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