inocência
Nunca admiti isso a mim mesmo
Mas aquilo que marcou meu passado
Deixei tomar de conta de minha mente e alma
Me enganando ao pensar que havia superado
Mal sabia eu que me tornara meu próprio refém
Dia após dia, deixando aquilo me envenenar
De uma forma imperceptível e devastadora
Minando minhas emoções e sentimentos
E como consequência, moldando minhas ações
Me levando para um caminho que não desejo a ninguém
E sem ter noção que estava despedaçado por dentro
Ao primeiro contado que aquilo que ainda restava dentro de mim
Tive o horror de perceber enfim o que havia acontecido
E pela primeira vez pude sentir o peso de minhas ações
E suas consequências aterradoras
E mesmo assim ainda teimei em admitir a verdade
Até que não tinha mais como e tive que enfrentar os fatos
Fato de que havia criado um ser perverso e sem escrúpulos
Fato de que havia me tornado meu próprio abusador
Fato de que havia negligenciado a perda da minha alma
Mas eles não entendem isso
Como poderia afinal?
Não e algo que se pode sintetizar e meras palavras
E algo que se não for sentido e vivido, não se pode conceber
Só um igual pode mensurar o que o outro passou e sente
Não pense que isto e um apelo a vitimização
Pois já fiz isso demais em minha história
Isso nada mais e do que uma constatação de um fato que ignorava
E que agora deve enfrentar de cabeça erguida
Para assim ter uma chance de resgatar minha alma das profundezas.