inocência

Nunca admiti isso a mim mesmo

Mas aquilo que marcou meu passado

Deixei tomar de conta de minha mente e alma

Me enganando ao pensar que havia superado

Mal sabia eu que me tornara meu próprio refém

Dia após dia, deixando aquilo me envenenar

De uma forma imperceptível e devastadora

Minando minhas emoções e sentimentos

E como consequência, moldando minhas ações

Me levando para um caminho que não desejo a ninguém

E sem ter noção que estava despedaçado por dentro

Ao primeiro contado que aquilo que ainda restava dentro de mim

Tive o horror de perceber enfim o que havia acontecido

E pela primeira vez pude sentir o peso de minhas ações

E suas consequências aterradoras

E mesmo assim ainda teimei em admitir a verdade

Até que não tinha mais como e tive que enfrentar os fatos

Fato de que havia criado um ser perverso e sem escrúpulos

Fato de que havia me tornado meu próprio abusador

Fato de que havia negligenciado a perda da minha alma

Mas eles não entendem isso

Como poderia afinal?

Não e algo que se pode sintetizar e meras palavras

E algo que se não for sentido e vivido, não se pode conceber

Só um igual pode mensurar o que o outro passou e sente

Não pense que isto e um apelo a vitimização

Pois já fiz isso demais em minha história

Isso nada mais e do que uma constatação de um fato que ignorava

E que agora deve enfrentar de cabeça erguida

Para assim ter uma chance de resgatar minha alma das profundezas.

Havel
Enviado por Havel em 17/12/2019
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