ESCURIDÃO
Eu vivo por entre as trevas,
Tão perigosas quanto as selvas,
E sangro até o amanhecer!
Por mil vezes canto cânticos
E ouço meus gritos – meus pânicos;
Desejo urgente morrer!
Nada e ninguém me salvara
Pois que ninguém me amara
E portanto estou esquecido!
Senti me queimando horrores,
O desgosto dos perdedores
E a dor de um vil falecido!
Li na lápide gelada
Da soturna madrugada
Minha nota de partida:
“Foi um homem angustiante,
Porém nunca fora pedante,
Também nunca tivera vida!”
Eu colho as folhas caídas,
Todas elas também falecidas,
Me acompanho de iguais!
Se Deus fez o homem e tudo
Fez o meu Eu mais imundo;
Bem pior que o pior dos mortais!
Sofro desta insônia fúnebre,
Da maldição de um deslumbre,
De ansiedade extrema!
Ninguém sobre mim sabe nada
Pois que o pesar desta jornada,
Mata tudo - a tudo envenena!