Irmã
Vi-te nascer
A colocaram em meus braços
Uma boneca russa
De olhos estranhos, amendoados
De rompantes de ódio
Com facas em mãos
Lançava-me a cobiça
Odiava-me
Porque existi antes...
Mas tu, roubastes meu colo
Os olhares
"Como essa é bonitinha"
Era a branca
E eu?
A negrinha
Crescemos juntas
Em caminhos opostos
Tentei dar o afeto
Proteger-te de si mesma
Ser o melhor de mim.
Mas...
Vi sua alegria em ver-me no chão
Vi que minha derrota
Era a sua satisfação
Pena não poder falar
Pena não sermos confidentes
Pena seu caixão olhar
E nele restar um retrato
Da ausência
De autodestruição
Apenas queria, irmã
Que as palavras fossem amor
E não competição.