Irmã

Vi-te nascer

A colocaram em meus braços

Uma boneca russa

De olhos estranhos, amendoados

De rompantes de ódio

Com facas em mãos

Lançava-me a cobiça

Odiava-me

Porque existi antes...

Mas tu, roubastes meu colo

Os olhares

"Como essa é bonitinha"

Era a branca

E eu?

A negrinha

Crescemos juntas

Em caminhos opostos

Tentei dar o afeto

Proteger-te de si mesma

Ser o melhor de mim.

Mas...

Vi sua alegria em ver-me no chão

Vi que minha derrota

Era a sua satisfação

Pena não poder falar

Pena não sermos confidentes

Pena seu caixão olhar

E nele restar um retrato

Da ausência

De autodestruição

Apenas queria, irmã

Que as palavras fossem amor

E não competição.

Madame F
Enviado por Madame F em 30/11/2019
Reeditado em 14/01/2021
Código do texto: T6807534
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