Mar
Acredito estar perdida
Num mar de ilusões
Levando caixote
E permanecendo na água
Como um boomerang.
Quando as águas se acalmam
Mesmo zonza, me esforço em levantar.
Porém sou surpreendida
Por ondas ainda maiores
Das quais me aprisionam
No mesmo círculo vicioso.
Após um longo período,
Inerte nas águas,
As ondas se acalmam novamente,
E eu tento sair cambaleando da água
Com meus joelhos e braços ralados
O cabelo que virou um emaranhado
E os olhos marejados.
Mas não demoro muito tempo
Sentada na areia
Ou recuperando o fôlego.
Como que hipnotizada
Pelo canto da sereia,
Lanço me novamente ao mar.
Sendo que
Ao invés de ir para o fundo do mar,
Fico na beirada
Sendo trazida e levada
Entre um caixote e outro
Neste mar de ilusões.