Quando as lágrimas choram.

Sou as migalhas jogadas aos pombos.

Sou a tristeza dos sonhos mortos.

Sou o fruto da mais vil injustiça.

Me roubaram o direito de viver.

A mim só sobrou a dor do abandono e do vazio.

Falam de esperança.

A esperança é um monstro de olhos vermelhos.

Para uns ela brilha como um dia ensolarado de praia.

Mas para mim e para muitos, ela nunca chega a brilhar.

E eu?

Eu sou apenas a poeira trazida pelo vento.

Um grão de areia frente a um oceano de lágrimas.

E enquanto o sol brilha para meus irmãos.

Vou morrendo e secando num chão frio qualquer.

Não existe dor maior que a do abandono e da injustiça.

Morrer todo dia um pouco.

Doente e sozinho.

Minhas lágrimas choram.

Sim, minhas lágrimas choram.

Elas choram tanto, mas tanto que às vezes chegam a secar.

E eu estou só, irmão.

Sozinho na imensidão da escuridão.

Tento gritar, mas minha voz não sai.

E em meio ao pavor da dor, eis que minhas lágrimas sangram.

Minha alma pede desesperadamente por socorro, mas ninguém ouve e se ouve, finge que não ouviu.

E eu sigo morrendo.

Cada dia um pouquinho.

Como se a escuridão fosse meu destino.

E as lágrimas minha sina.

Já não acredito em mais nada e espero desesperadamente pelo fim.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 27/11/2019
Código do texto: T6805148
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