Deixado na Frente da Porta

Há abandono
àquilo que não importa.
Durante o sono,
fui deixado na frente da porta.

Se procurar em outra pessoa
todo o amor que faltou nesse momento,
posso não ter uma reação contínua muito boa
quando ocorre um separamento.

A frustração acaba sendo tão grande
porque é o acúmulo dos abandonos desde este instante
em que era bebê ou criança
já que não tinha alguém que pudesse oferecer confiança.

A frustração de qualquer separação
acaba sendo mais suportável ao coração
quando separamos do nosso histórico pessoal,
e assim nós compreendemos a liberdade individual.

Dependência ou Independência absoluta
acaba sendo muito prejudicial à nossa conduta.
O equilíbrio entre o meio e o interno
deve ser compreendido para não nos rendermos ao inferno.

Inferno da consciência
perdida na sofrência
por sentir que como ninguém ama,
tudo bem se queimar na chama.

Abandono da família ou da amiga,
Rejeição da namorada ou da empregada,
Rejeição do professor ou do povo opressor
podem levar à rejeição de si mesmo pela tamanha dor.

O tamanho da dor é pelas inúmeras ocorrências em desatino
de quando se sentiu abandonado e sozinho,
mas nunca vai perder a si nesse mundinho
porque a mente é a principal aliada do destino.

A mente é a que mais nos prejudica ou nos auxilia
quando ela está mais positiva ou mais negativa
porque ela que vai ajudar a enfrentar qualquer frustração
ressignificando e elaborando qualquer situação.

´E com o tempo que a dor diminuirá.
´E com a mente que a dor se ressignificará.
A extrema saudade e tristeza dos planos negados
é também pela alta expectativa em não ser mais abandonado.

Mas separações não são abandonos.
Separação de indivíduos livres e autônomos
que tem liberdade de escolher e sentir
é diferente do abandono a um bebê que não tem para onde ir.

O abandono é combatido pela lei.
Já a rejeição é combatida pela mente que é nosso rei.
O ressentimento é vagarosamente elaborado e perdoado
porque o tempo de evolução é extremamente individualizado.

Embora tenhamos responsabilidades,
as pessoas não são perfeitas ainda nesse mundo de provas e expiações.
Embora tenhamos necessidades,
as pessoas vão evoluir no tempo delas os seus corações.

Então, entreguemos a mágoa a Deus.
Ele cuida de todos os filhos Seus.
Não tem porque se subestimar nem o mundo lutar
porque sabemos que em tudo há um lado bom e um a se melhorar.

Em todos nós, há uma centelha divina
preparada para desabrochar em nossa vida
nos conduzindo a um caminho mais saudável
e evitando exigir que tudo seja perfeito e controlável. 

Apesar de que podemos aprender
estudando, conversando ou até sofrendo.
Dependendo de nós, podemos amadurecer
de várias maneiras sem necessariamente padecendo.

Não é pela frustração que vamos desistir de viver.
A vida tem dificuldades para nos ajudar a amadurecer.
As pessoas, as situações e nós mesmos têm os lados bom e ruim.
Se nos concentrarmos apenas no ruim, deprimiremos assim.

O ressignificar
é o que a mente pede de nós em cada lutar.
O ressignificar
é a porta que podemos abrir ao perdoar àquela que se fechar...

Um clichê que nesse poema faz todo sentido:
"Quando uma porta se fecha, uma outra se abre".
Pintura:
Tomoki Awazaki (Japão)

Beatriz Nahas
Enviado por Beatriz Nahas em 18/11/2019
Reeditado em 26/10/2022
Código do texto: T6797845
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