Onde o céu termina.

Parece

Que o tempo corroeu

A todos alicerces

Que sustentavam o véu da noite

Chovendo assim

Estrelas

Desde cá, até lá no longe

Lá no fim do céu

Que desce aqui pertinho agora

Transparente céu, de linho azul

De vez em quando

As cores azuladas

Não são mais aquelas que azulavam antes

Não são nada

Nem são doces

São do azul nefando

Que esse inverno trouxe

E mesmo as luzes

Lembram mais um lume

Qual se velas tristes fossem

Quando estão pra se apagar

Se encondem

Como aquelas belas flores

Cujos perfumes se esvaíram

Se foram

E só Deus sabe pra onde

E eu olho pro cume do mundo

Relembro, como antes

Tão profundamente desejei

Que as estrelas

Chovessem sobre mim

Jamais que elas caíssem

Como caem assim

Como, enfim, caíram

Durante toda a madrugada fria

Lentas, sonolentas e sem pressa

Amanhece

Fim

Mais um dia começa.

Edson Ricardo Paiva.