Cul-de-sac

Expiração e monotonicidade

São as inevitáveis

Decadências deste

Fluxo o qual me

Movo a mercê

De seu ritmo inconstante.

Apenas uma direção

É permitida

Ao rumo retilíneo

De meus passos

De longa, cultivada

E crescente confusão.

Parar não é

Uma válida opção

Que possa trazer

Uma efêmera solução

Ao término claro

E indesejado do percurso.

Os dias contados,

Eventos previstos

E lamentos antecipados

Moldam a metamórfica

Composição de meu

Particular beco sem saída.

E cai em piedade

A velha fosfórica

Luz pálida do Sol

Com uma singular

Tonalidade de luto.

Seu brilho penoso

Revela as linhas

De meu enrugado

E amargo rosto,

Doa seu calor

Aos meus trêmulos

Dedos que não

Serão capazes

De futuramente

Escrever versos

A esta cena.

Por este motivo,

Escrevo agora

O que a vergonha

Calará eventualmente

As minhas escapistas

Palavras de mágoa.

Então terei a certeza

De que sempre estive

Incontáveis décadas

A frente das enganações

Que me presenteou o

Grande arquitetado destino.

Que fui capaz

De desvendar

Os mistérios do fim

Desde o começo

De todo o enigma.

E que nunca fora necessário

Juntar as peças

E formar lentamente

A definitiva imagem

Do quebra-cabeça

Que deduzi completamente

Antes mesmo de montá-lo.

Mas impedi-me

De aceitar que

O impasse

Seria na hora

De sofrer as

Consequências

Bem antes de

Quando eu deveria.

O impasse seria

Viver sabendo

O roteiro de cada

Sonho desperdiçado,

Perfeição dilacerada

E confronto criado.

Viver sabendo

Tudo o que,

Se possível,

Decidiria esquecer

Como um despertar

Turbulento e traumático

De um pesadelo.

Tendo a lucidez como

A fonte de todas as

Atemporais lamúrias.

Razão pela qual

O desamparo é parte

Essencial e incontestável

Desta involuntária rota

À beira do abismo.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 28/10/2019
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