Cul-de-sac
Expiração e monotonicidade
São as inevitáveis
Decadências deste
Fluxo o qual me
Movo a mercê
De seu ritmo inconstante.
Apenas uma direção
É permitida
Ao rumo retilíneo
De meus passos
De longa, cultivada
E crescente confusão.
Parar não é
Uma válida opção
Que possa trazer
Uma efêmera solução
Ao término claro
E indesejado do percurso.
Os dias contados,
Eventos previstos
E lamentos antecipados
Moldam a metamórfica
Composição de meu
Particular beco sem saída.
E cai em piedade
A velha fosfórica
Luz pálida do Sol
Com uma singular
Tonalidade de luto.
Seu brilho penoso
Revela as linhas
De meu enrugado
E amargo rosto,
Doa seu calor
Aos meus trêmulos
Dedos que não
Serão capazes
De futuramente
Escrever versos
A esta cena.
Por este motivo,
Escrevo agora
O que a vergonha
Calará eventualmente
As minhas escapistas
Palavras de mágoa.
Então terei a certeza
De que sempre estive
Incontáveis décadas
A frente das enganações
Que me presenteou o
Grande arquitetado destino.
Que fui capaz
De desvendar
Os mistérios do fim
Desde o começo
De todo o enigma.
E que nunca fora necessário
Juntar as peças
E formar lentamente
A definitiva imagem
Do quebra-cabeça
Que deduzi completamente
Antes mesmo de montá-lo.
Mas impedi-me
De aceitar que
O impasse
Seria na hora
De sofrer as
Consequências
Bem antes de
Quando eu deveria.
O impasse seria
Viver sabendo
O roteiro de cada
Sonho desperdiçado,
Perfeição dilacerada
E confronto criado.
Viver sabendo
Tudo o que,
Se possível,
Decidiria esquecer
Como um despertar
Turbulento e traumático
De um pesadelo.
Tendo a lucidez como
A fonte de todas as
Atemporais lamúrias.
Razão pela qual
O desamparo é parte
Essencial e incontestável
Desta involuntária rota
À beira do abismo.