Velho inquilino

Não sou aquilo que pensa,

Tão pouco o pobre que aparento.

Reconheço minha simples presença,

E a fatia ao qual represento..

.

Não é por ser calado, que me ausento,

Escuto a tudo que me traz o vento.

E é ai que me sustento,

Pois aprendi com a sabedoria do tempo.

Que trouxe de presente a loucura,

Doce desventura que me faz voar.

E mantém nos meus olhos a ternura,

Distribuídas aqueles a quem pude amar.

E para aqueles que me mantém esquecido,

Saiba que sou como um livro na prateleira empoeirado.

Com o conhecimento pronto para ser dividido,

E anos por anos compartilhado.

Não sou aquilo que pensa,

Embora vulgar na aparência.

Entendo os credos de cada sentença,

Pois os anos me trouxeram experiência...

Sei que um dia, ei de me misturar ao pó,

E é certo, que todos para lá irão.

Toda química misturada torna um elemento só,

Tal qual a ausência de luz na escuridão...