Domingos tristonhos
Todos os domingos
Volto as páginas
Do velho livro
Na velha cabeceira
E releio a escuridão
Os domingos são claros
Lá fora pra multidão
Cá dentro os domingos
São de sangue covarde
Por trás das portas
Escondidos estão
Os sapatos de Joana
Domingos passados
Eu relia claridades
E não chorava
Ao tomar chá sozinha
Tenho medo do soluço
O domingo é um dia tão lindo
Dizem as pessoas lá fora
Mas para mim o domingo
É um desassossego horrível
Vontade de não viver
De repente envelhecer
E fechar o domingo
Na saliva saudosa.