DEI-XE ME, ALMA
DEI-XE ME, ALMA
Oh, Alma. Donde vais com tanta pressa?
Para onde partis, que nada levas?
Acaso deixar-me-ias por outro?
Vá, Alma, vá, e tudo leves.
Conjuro-te que nada deixes;
Leve tudo, até mesmo minha vida.
Pois, quê adianta-me viver, se não tenho Alma?
Donde verei beleza no desabrochar das flores?
E como, compadecer-me-ia da dor dos homens,
Se de mim próprio sou escravo,
Retido pelos grilhões da morte em vida?
Que proveito há no viver sem vida?
Oh, Alma, leve consigo tudo que lhe pertence;
Nada deixes para trás, pois, se realmente vás,
De certo, nada há que fique para trás; se não
A carne sob o sol, em terra árida.
Vá, Alma; se entregue à morte o teu conquistador!
E viva teus dias, gozando de paz que não tiveste em vida.
Mas aviso-te, Alma.
Que se me deixas o coração partido;
Meu espírito tu deixas jaz falecido.
Vadio, assíduo freguês da carne; amada; inútil,
e viciavel, embriagueis! Vai-te Alma; vai-te amor,
e não volteis mais se de fato comigo, importais.