Eu morro um pouco todo dia
Eu morro um pouco todo dia,
As vezes penso que foi de verdade,
Quando o baque é forte e o coração
Despedaça-se dentro do peito.
Outras vezes é uma quase morte bem dolorosa,
Chegando sorrateira e me enfiando o punhal
Da angustia e me fazendo sangrar
Até a vista ficar turva e os contornos
do mundo parecerem indiscerníveis.
Nos dois casos, sinto a vida se esvaindo
Um pouco mais a cada investida.
Como se a cada batalha travada que
Saio desgraçadamente vivo,
Eu fosse penalizado por me manter de pé e,
Conseqüentemente, posto em desvantagem
No próximo embate.
Toda culpa que sinto por tentar continuar,
Alia-se ao algoz que tenta matar-me.