PERDA
PERDA
A dor que a gente carrega no peito
É tão nossa que ninguém vê
Que ninguém sente por nós
A perda, então, não tem jeito
A gente passa a morrer sem viver
E a viver sem voz.
Órfã de mãe
Perdi a rotina de minhas manhãs
Minha esperança está no passar do tempo
No alívio dessa dor, ainda que se transforme em saudade
Depois de revirar a gente toda por dentro
Nos traz novamente a realidade
Sem dó e nem piedade
Como quem diz:
-Vá viver seu tempo,
Engole esse choro.
O tempo é precioso.
E só um dia após o outro
Pra colocar brilho nesse rosto.
Perdemos e nos perdemos
Pra nos acharmos de novo
Como se fosse um novo tempo
Pra provar do amargo gosto
Da fragilidade humana
Diante do tamanho sofrimento
A luta travada contra nossos sentimentos
Pra colocar no esquecimento
A lembrança viva em nosso pensamento
Só Deus pra interferir nessa batalha
Pra que eu possa voltar a dizer:
- Tudo na vida passa.
Mabel Junger