Diga

Diga ao sol que teu brilho já não se chega a mim

Que seu calor se perde na escuridão que me envolve,

Diga que já não vejo o amanhecer, o dia não tem início, não tem fim

Que apenas a escuridão se move

Pois o sol não consegue chegar a quem está preso

Quem, mesmo sem paredes ao redor

Não consegue se mover, está em desespero.

Pois ao seu redor há uma escuridão que se adequa

Se move ao redor do seu corpo, como uma coberta.

Faz-te sentir confortável

Te faz sentir envolvido e também cansado,

Mas não aquece, a escuridão que envolve é fria

Ela paralisa, congela seus membros

Te incapacita.

O brilho do sol resvala em sua trama de fios escuros

Tecida com o tempo , a trama é forte

É quase um mundo.

Um mundo cheio apenas de vazio.

Mãos casadas tateiam o vazio escuro

Como olhos cegos elas procuram em silêncio

Sentem o frio da vastidão fria

Tropeçam por entre os restos de uma antiga vida

Ficam confusas em meio a objetos e roupas ali caídas,

Uma lembrança, uma memória dolorida

As mãos deixam para trás as lembranças

Elas já não são familiares,

São apenas uma memória dolorosa que se perdeu no escuro.

Seu dono já morreu a muito tempo

A escuridão o deixou duro

A trama de fios chegou seus olhos

Tapou-lhe a visão do mundo.

Rogerio Lima
Enviado por Rogerio Lima em 08/10/2019
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